Eu não gosto de silêncio, salvo raras excepções, naquelas alturas em que o nosso pensamento nos quer só para ele. Infelizmente esses dias existem, que nem com as pessoas que nós gostamos ou confiamos apetece falar. Deitamo-nos, pomos uma música que gostamos e que, regra geral, sobretudo nestes dias de que falo, são músicas cujas letras falam de histórias tristes e mal acabadas, e que teimam em trazer ao de cima aquelas lembranças de momentos bons e menos bons. Os menos bons, como é óbvio, nós não gostamos de relembrar. Os bons também deviam ser evitados. E porquê? Porque nos trazem saudade de momentos que passaram e pelos quais queríamos voltar a passar; trazem saudade de momentos que passaram e não existem mais devido a erros cometidos que podiam ter sido evitados; trazem saudade de momentos em que fomos felizes com pessoas que amamos e já não estão ao nosso alcance; trazem saudade de momentos em que a felicidade era tal que o mundo parecia perfeito. E tudo isto em breves minutos ou até mesmo segundos. Uma imensidão de pensamentos, saudades, sentimentos, emoções que aparecem na nossa cabeça escondendo por segundos o nosso sorriso, assim como uma nuvem irritante numa tarde de sol que teima em esconde-lo por breves instantes. Até que vai embora e o sol continua a brilhar. Assim sou eu. A lembrança de acontecimentos passados mexe muito comigo. E sou capaz de atribuir um momento a cada música que ouço.
Atenção que não estou a escrever isto hoje por estar num desses dias, mas simplesmente porque me apeteceu escrever algo. E sim, tenho muitos momentos que gostava de reviver!